terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Explicar é descrer


(texto de Vera Cristina Weissheimer)

Deus não pode ser visto por sua utilidade. Que Deus seria esse que é útil às nossas causas? Ele simplesmente é indizível. E qualquer discurso humano que tente explicá-lo, explicitá-lo, trazê-lo ao entendimento será com certeza uma fraude. Ora, como falar do que é indizível. Como bem escreveu Fernando Pessoa, “explicar é descrer”. Não admira que não possamos compreender. Se pudessemos não seria ele Deus, mas algo infinitamente menor.


A Palavra de Deus não passa por nós sem que aconteça alguma transformação. “A chuva e a neve caem do céu, e não voltam até que tenham regado a terra, fazendo as plantas brotarem, crescerem e produzirem sementes para serem plantadas e darem alimento para as pessoas. Assim também a minha palavra: ela não volta para mim, sem nada ”, diz Deus através do profeta Isaías (Isaías 55. 10,11).

A Palavra nos transforma porque é Palavra-viva-encarnada-no-mundo e na história da gente. Jesus desacomoda. Depois de fazer uma cura seja de doença física ou de uma tristeza que paralisa, ele convoca a pessoa à vida. Para o paralítico diz: “Levante-se, pegue sua cama e anda” e o homem levantou, andou e foi para sua casa (Mateus 9.7). Para a mulher doente há 12 anos, disse: “Coragem, minha filha! Você sarou por que teve fé” (Mateus 9.22). Para a sogra de Simão, Jesus se aproximou e “a fez levantar, tomando-lhe a mão: a febre a deixou e ela pôs se a servi-los” (Marcos 1.31).

“Um Jesus que não nos transforma e não torna nossas consciências mais sensíveis esse é um Jesus morto,” escreve Dorothee Sölle.

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